segunda-feira, outubro 22, 2007

A Fórmula 1 e o PSD

Kimi Raikkonen é o novo campeão do mundo de Fórmula 1. A sua vitória, é resultante da incapacidade que a equipa, sua principal adversária – a McLaren -, teve para definir o seu piloto líder. Durante meses, não souberam, ou não quiseram, escolher entre Hamilton ou Alonso. Foram deixando que cada um deles arregimentasse, no interior da equipa e na opinião pública, os seus apoiantes. Erro crasso. Falta de visão. Esqueceram-se, completamente, do principal adversário – a Ferrari -, equipa experiente, com grande influência na comunicação social que soube aquecer a disputa pública entre aqueles dois pilotos. A qual impediu uma linha estratégica de vitória.

Isto lembra-me o actual PSD. Incapaz de definir o seu "piloto" líder – Filipe Menezes ou Santana Lopes -, vai permitir muita notícia e ruído à volta daqueles dois. Ambos, irão ter como tarefa principal impedir o protagonismo do outro. Cada um vai procurar reunir, à sua volta, os apoiantes fiéis. Dividindo a base de apoio. Ramificando esforços. Facilitando a acção do adversário. Que, saberá tirar partido, directamente, dessa situação e, indirectamente, através da sua enorme influência na comunicação social. O resultado está à vista: a vitória do PS e de Sócrates nas eleições de 2009.

Fica por saber se, depois disso - a exemplo do que sucederá na Fórmula 1 -, um dos dois “pilotos” sairá da equipa.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Lembrando.

A Júlio Machado Vaz: que nasceu a 16 Outubro e gosta muito da Galiza.



A Adriano Correia de Oliveira: que morreu a 16 de Outubro e leu, como ninguém, este poema da galega Rosalia de Castro.


Aqui fica o "Cantar de Emigração" cantado "à capela", por mim.

http://br.youtube.com/watch?v=uTa7u5dgjEY

domingo, outubro 14, 2007

A Excisão. A Cimeira UE-África. O Amor é...

O “Amor é...”, programa de Júlio Machado Vaz e Ana Mesquita, transmitido, hoje, domingo, teve como tema central a excisão feminina (ver aqui a definição teórica do acto e aqui – se tiver coragem - a sua demonstração cruel). Não há, a meu ver, nenhuma consideração de carácter cultural, de tradição ou costume que permita aceitar este crime. Sim, é de crime que se trata. Tal como, uma sociedade decente, considera crime e não aceita o canibalismo nem aceita a escravatura. Apesar das tradições que, antes de aquelas serem banidas, as pareciam justificar.

O palco maior daquele crime é a África. Continente com o qual a União Europeia, vai juntar-se numa cimeira. Que muito tem discutido a presença de Mugabe e Brown. Mas pouco ou nada o conteúdo e objectivos da cimeira. Qual é a Agenda? Está publicada?
Aqui? Não, não está! Se estivesse o mais certo seria não ver nela retratado um numeroso estendal de problemas de que padece a África. E, para os quais é necessária ajuda material externa, crítica à ausência de valores humanistas e coragem para apontar a dedo presidentes ditadores, governos corruptos e investidores sem escrúpulos. Uma Agenda do tipo:

· O Amor é... Aumentar drasticamente a escolaridade. Como fazê-lo?
· O Amor é... Melhorar significativamente os níveis de mortalidade infantil. Como fazê-lo?
· O Amor é... Aumentar a esperança média de vida. Como fazê-lo?
· O Amor é... Diminuir a fome, tornando úteis os excedentes da UE. Como fazê-lo?
· O Amor é... Punir governantes africanos que praticam crimes contra a humanidade. Como fazê-lo?
· O Amor é... Investir na construção de redes de saneamento, água potável e vias de comunicação. Como fazê-lo?
· O Amor é... Incentivar valores e princípios que preservem a dignidade e os direitos humanos. Como fazê-lo?
· O Amor é... Não tratar a África como um meio de obtenção de petróleo, diamantes, ouro, madeiras e outras riquezas a preços baratos e extraídos em condições sub-humanas. Como fazê-lo?
· O Amor é... Realizar investimentos na África com as exigências ambientais europeias. Como fazê-lo?
· O Amor é... Não usar a África como depósito dos lixos radioactivos mundiais. Como fazê-lo?
· O Amor é... Encontrar uma solução imediata para a Somália e o Darfur. Como fazê-lo?

O Amor é... Acreditar que aquelas utopias são realizáveis. Se existir uma vontade comum que as force. Seria para isso que serviria a Cimeira UE-África. Mas não. Provavelmente, vão discutir as grandes linhas de aproximação estratégica entre os dois continentes. Claro! A China está a complicar os negócios! E falarão, por certo, do problema da imigração. Claro! A segurança europeia é muito importante!

E o que vai ficar da cimeira? Para além da autopromoção dos intervenientes, das fotos da praxe (que daqui a alguns anos envergonharão alguns dos presentes), muito pouco. Ou estarei a ser utópico não dizendo: NADA?.