domingo, outubro 01, 2006

A adopção por casais homossexuais

Há notícias que me perturbam. Não pela dificuldade de aceitação do seu conteúdo, mas pela dificuldade de analisar os seus efeitos a longo prazo. É o que me acontece com a notícia da primeira adopção de uma criança do sexo feminino, em Espanha, por um casal homossexual masculino. Neste caso, os pais adoptivos não têm qualquer laço sanguíneo com a criança.

Sendo correcto, do meu ponto de vista, que o casamento entre homossexuais esteja legalmente regularizado, não consegui ainda admitir que a adopção, por parte desses casais, seja aceite. E a razão está em não encontrar resposta para as seguintes perguntas:

a) Qual o fundamento principal para que um casal homossexual queira ter um filho adoptado? Ajudar uma criança? Necessidade de fortalecer e garantir a relação? Um desafio à sociedade?
b) Qual a reacção do adoptado, quando se tornar adolescente e adulto, ao tomar consciência de que, para além de não ter crescido junto dos pais biológicos, foi educado por um casal homossexual?
c) Que garantias razoáveis se conhecem hoje, provenientes da comunidade científica e, nomeadamente da área psicológica, de que o desenvolvimento da criança não terá fortes probabilidades de ser perturbado por essa situação?

Em minha opinião há uma diferença qualitativa substancial entre os interesses em presença. Porque se trata de adopção, são as crianças o elemento primordial. Ao Estado, o nosso ou qualquer outro, compete garantir, mais do que tudo, a protecção do desenvolvimento daqueles que serão o futuro da sociedade. E isso, necessita de respostas activas de que os passos são mais vantajosos do que prejudicias. De que as dúvidas pesam menos do que as certezas.

Enquanto não for esclarecido a perturbação que estas notícias me causam não me permitem afirmar que estamos perante mais um passo. Nem para o abismo, nem em frente.


6 comentários:

Anónimo disse...

É provável que o erro esteja em que vejas as coisas na perspectiva da sexualidade dos pais, adoptivos ou não.
Ve apenas seres humanos envolvidos, crianças e pais independementemente de todos os aspectos que os podem caracterizar.

Anónimo disse...

Por acaso estava á procura de comentários para um trabalho meu de filosofia e dei de caras com este blogue. e transmite integralmente a minha opinião. tambem partilho que a dopção de uma criança por parte de casais homossexuais não deve ser permitida. Primeiro porque é contra natura educar uma criança para a homossexualidade. Não tenho nada contra homossexuais pois cada um faz as escolhas que acha que devem ser feitas mas penso que transmitir uma educação homossexual a uma criança é do ponto de vista ético incorrecto.

Anónimo disse...

Eu sou ainda adolescente, quase adulto e tenho bem as ideias no sítio.

A sociedade de hoje AINDA necessita de muita 'evolução' no que diz a novas 'modas', esta tem simplesmente de se adaptar às circunstâncias.

Estou inteiramente a favor da permissão de adopção de crianças e jovens por casais homossexuais por duas simples razões.

1.º - Nem eu, nem muita gente, suporta ver milhares de menores a encher constantemente os 'armazéns'.
2.º - O que importa se a criança é adoptada, ou não, por casais homossexuais?
Os homossexuais são pessoas melhores/iguais aos chamados 'heteros'.
Sabem dar CARINHO e AFECTO tal como outra pessoa qualquer.
A sociedade que se adapte às novas 'regras' e deixe de mandar palpites quando não tem consciência dos campos que abrangem o campo 'família'.

Em relação ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Porque não?

Porque é que os portugueses têm de meter o bodelho, em assuntos que não lhe dizem respeito?

Quem vai decidir, se eu gosto/amo um homem, sendo eu homem?

Fazem isso consigo?

Portugal, infelizmente, está cheio de gente retrograda.

E além disso não suporto ver a Igreja sempre a manipular as decisões que dizem respeito a estes temas.

O tempo em que a igreja era o 'grande poder' hoje deve-se limitar a abrir a porta das igrejas para dar a missinha do domingo e... e...

Anónimo disse...

Fazendo deste um espaço de discussão vou aproveitar o post para falar de alguns aspectos que me parecem importantes. Sou da área psicológica, a tal que deveria emitir pareceres acerca do desenvolvimento da criança no seio de famílias monoparentais. Respeito e considero as opiniões diferentes da minha mas não sou capaz de deixar e me surpreender com os pré-conceitos que fundamentam opiniões. Sem ter a pretensão de mudar mentalidades ou sequer pontos de vista, aqui fica o meu:
- o grau de evolução de uma sociedade mede-se pelo nível de aceitação da diferença que tem, isto é, uma sociedade é tão ou mais evoluida quanto for capaz de respeitar as diferenças, sejam elas quais forem, sejam elas a que nível forem, incluindo-as, de forma natural, na vida dessa sociedade. Trocado por miúdos, isto quer dizer que as sociedades mais evoluidas respeitam o homem e a mulher da mesma forma, as crianças, os adolescentes e os idosos da mesma forma, as pessoas sem deficiência declarada das pessoas com deficiência declarada da mesma forma, as orientações sexuais da mesma forma, os caucasianos, negros, hindus, muçulmanos, etc, da mesma forma. Uma sociedade evoluída, tem por base a aceitação do ser humano, independentemente do género, da idade, da raça, da condição social e por aí fora. E respeitar significa acolher, cuidar, considerar direitos e deveres, incluir nas decisões de carácter político e civil. Mede-se o nível de evolução de uma sociedade pela forma como são construídas as ruas e os edifícios, pela forma como se conduz na estrada, pela capacidade de olhar a diferença e reconhecer que falhas e pontos fortes todos temos, particularidades e generalidades, todos temos.

- daqui decorre que, em nada, uma pessoa com uma orientação homossexual seja, por sí só, mais ou menos capaz de educar uma criança do que uma pessoa com uma orientação heterossexual. Ao fazermos esta distinção incorremos no mesmíssimo erro que tão veementemente criticamos no Holocausto. E não me venham com histórias porque é exactamente a mesma coisa.

Para reflectir, aqui ficam algumas questões: se, até agora, nunca houve nenhum casal homossexual a criar uma criança, e se um dos argumentos daqueles que defendem a não adopção é o facto da criança crescer com modelos homossexuais, o que raio foi que aconteceu às crianças que cresceram em famílias heterossexuais e que desenvolveram uma orientação homossexual?

- Porquê tanta preocupação com o que as crianças vão pensar/sentir quando "se aperceberem" que os seus pais são do mesmo sexo? E as crianças filhas de pais que as maltratam? E as filhas de casais que se maltratam entre si? E aquelas que são filhas de famílias desetruturadas? Ou de pais divorciados? Tornaram-se todas desajustadas e doentes?

- Acaso não deveríamos nós estar a gastar o tempo que perdemos a discutir a vida dos outros, numa tentativa de decidir sobre aspectos que em nada nos dizem respeito, porque são do foro intimo de cada um (ou as pessoas heterossexuais andam por aí aos gritos a pregar ao mundo a sua orientação), tentanto resolver problemas que dizem respeito a todos de igual forma?

Decidamos sobre as qualidades e defeitos das pessoas enquanto pessoas, não enquanto homo, hetero, bi, trans, negros, brancos, com dinheiro ou sem dinheiro. Esse tempo já lá vai. Não nos queixemos de que Portugal é um país atrasado quando são as pessoas de Portugal que o tornam atrasado. Julguem-se e condenem-se os actos, as práticas, as tareias que são dadas às crianças, as negligências e abandonos, os assaltos, os homicidios, os projectos de arquitectura e engenharia que não respeitam as cadeiras de rodas ou os cães-guia. E, sobretudo, não se cometa o grandioso erro de julgar pela etiqueta que nos penduraram ao pescoço.

gervasiopalha disse...

Espero sinceramente responder às suas perguntas:
a) O mesmo fundamento principal que possa ter um casal heterossexual;
b) Se a reacção do adoptado for negativa, pura e exclusivamente, por ter sido educado por um casal homossexual, é porque o adoptado é preconceituoso - e neste caso, a única culpa que o casal pode ter é de não ter educado melhor o filho;
c) Não tenho conhecimento de garantias razoáveis de que o desenvolvimento da criança é perturbado por essa situação - porquê partir do princípio que há o risco de haver uma perturbação?

Moralismos baratos à parte, espero ter respondido às suas dúvidas...

Anónimo disse...

Estou a fazer um trabalho de portugues em que tenho de defender uma tese, em que faço o papel de uma professora contra a adopçao por parte de casais homossexuais .... e muito sinceramente esta a ser muito dificil ... porque nao estou a ver qual é a diferença, em termos de estudo e escolaridade entre um filho de pais heterossexuais e outro de pais hossexuais. Cada um é como é e ninguem tem o direito de julgar ninguem ... somo todos feitos da mesma materia ... Deus nao destingue ninguem, apenas é mal interpretado!!! So é digo de dar uma opinião quem é filho de pais homossexuais! E nao acho que esses pais eduquem os fihlos a querer que sejam homossexuais uma vez que sabem pelo que os filhos terao de passar se escolherem esse caminho, pois ele fizeram essa escolha e sabem por que passaram.