segunda-feira, março 31, 2008

Estou espantado!

Não pretendo ser a antítese de Nicolau Santos. Este entende, quase sempre como muito bom, o que fazem os gestores da PT e os seus “braços armados” (ZON, TVCABO, TMN, etc.). Mas, não resisto, uma vez mais, a falar deste “polvo”, a propósito de uma notícia lida aqui.

Sei que a PT é, actualmente, uma empresa privada. Herdeira de um monopólio estatal, base de todo o seu desenvolvimento. Muito mais do que da excelência dos seus gestores. Dos seus accionistas faz parte o Estado. Directamente, através de uma “golden share”. Indirectamente, através da CGD com uma participação significativa no capital. Como é possível, então, que o Governo permita, aceite, concorde com o escândalo de se remunerarem, extraordinariamente, os administradores executivos (e não só, pois é preciso calar a boca a mais uns tantos!) numa quantia de cerca de 5 milhões de €? Por terem ganho a OPA? Mas, trabalhar para isso não era a sua obrigação? E, onde estão as notícias de primeira página? E, onde estão as aberturas dos jornais televisivos? E, onde estão os comentadores habituais? E, onde está Berardo - accionista da PT - tão incomodado, e bem, com as remunerações do BCP?

Falta saber se, os gestores que transitaram para a ZON, acumularam o prémio com a choruda indemnização (conforme se refere aqui) para mudarem a entidade no cartão-de-visita! Se assim foi, percebo as hesitações deste homem. Para quê trabalhar?

Por último, entendo esta decisão. Henrique Granadeiro estará muito cansado! Não é impunemente que alguém ganha – como presumo - tanto dinheiro em menos de dois anos. Sim, foi esse o tempo que ele esteve na presidência da PT!

Espantado? Eu também!

quinta-feira, março 27, 2008

O vício português dos eufemismos.

Em Portugal há um vício permanente de uso de eufemismos. Há uma propensão natural à suavização dos factos quando a autoridade é maltratada. Nesta notícia, onde se lê transferência, deveria ler-se expulsão ou, no mínimo, transferência compulsiva. Para se distinguir dos casos de simples transferência a pedido dos pais do aluno e que não configuram uma pena por comportamento indevido.

Curiosamente, em relação ao aluno que filmou a cena, há quem lhe chame “voyeurismo”. Ou seja, agravam a atitude do aluno, usando uma expressão que não me parece aplicar-se naquele caso. O aluno filmou, a descoberto, com a participação na “encenação” de colegas. É uma atitude contrária à referida em cima.

De certa maneira, suaviza-se o facto mais sério e agrava-se o comportamento menos grave! A quem interessa isso?

quarta-feira, março 26, 2008

Descidas.

O deficit orçamental em 2007, apresentado hoje pelo Governo, representa um resultado muito bom. Sejam quais forem, as variáveis que mais contribuíram para o resultado de 2,6%. De certo, muito terá ficado por fazer ao nível do controlo da despesa, mas, existiu a habilidade de compensar isso, com acréscimos de receitas, ou seja, de impostos. Um êxito, deste Governo, esta descida tão forte dessa variável que, desde há longos anos (começou com Guterres), tem atrapalhado o País e sido usada como justificação de todos os sacrifícios.

Um dos impostos que ajudou ao resultado, foi o aumento do IVA em 2005 de 19% para 21%. Esse sacrifício foi então justificado pelo valor do deficit de então – 6,1%. Anunciado como uma medida transitória até 2009, ano em que se admitia chegar a um nível de deficit igual ou inferior a 3%. Assim, o valor anunciado, hoje, de descida para os 20%, é uma descida insuficiente. E não justificável, excepto por razões de estratégia política. A seu tempo – o próximo orçamento? – terá nova descida de 1%.

À volta da descida do IVA, outra reflexão deverá ser feita. Recentemente (2008/03/14), o 1º Ministro afirmou, aqui, que aqueles que falam em baixar impostos, “demonstram uma grande leviandade e irresponsabilidade”. Então, ou o 1º Ministro mentiu há doze dias atrás (a descida do IVA teria de estar analisada e preparada há bastante mais tempo), ou desconhecia o possível nível do deficit e as condições actuais da economia portuguesa e, nesta circunstância, é incompetente.

Qualquer uma daquelas hipóteses, confirma a descida do 1º Ministro na escada que conduz alguns políticos (poucos) ao patamar de estadista.

quinta-feira, março 20, 2008

A ZON (A) da vergonha

A Zon Multimédia é o novo nome da PT Multimédia. A PT Multimédia era uma divisão da PT. Após a OPA da Sonae sobre a PT, foi decidido pela Autoridade da Concorrência, que a PT deveria separar as duas áreas. Para bem dos consumidores.
Isso aconteceu, apesar de os accionistas serem os mesmos e a estratégia, para as duas empresas, poder ser concertada. Para mal dos consumidores.
Os trabalhadores e gestores da empresa com novo nome, são, de uma forma geral, os mesmos. O local de trabalho é, também, o mesmo. Então o que justifica esta notícia? E o Governo (que detém uma Golden Share na PT) aceitou? E o accionista CGD (banco do Estado) aceitou?
Pouca vergonha!

sábado, março 15, 2008

Sexo ao ar livre

Li, aqui, que a polícia holandesa propôs, a partir de Setembro, a liberalização de sexo em parques públicos, dando sequência ao que já acontece em alguns, como o Vondelpark – o Parque Eduardo VII de Amsterdam – onde o sexo gay nocturno é habitual.

O que mais me impressionou na notícia, foi o relato de um responsável político da cidade. Afirmou, segundo a versão portuguesa, que a razão para a liberalização estava na impossibilidade de impedir o que já é prática. A versão inglesa – que se pode ler aqui -, é um pouco mais explícita do pensamento do dito político. Diz ele: “Why should we try to impose something that is actually impossible to impose, which also causes little bother for others and for a certain group actually means much pleasure?".

Este raciocínio erra ao classificar o aborrecimento. Define-o como pequeno, o que poderá ser verdade para alguns. Para outros, será grande. Por outro lado, pela mesma ordem de ideias, muito do que hoje é considerado crime, teria de ser aceite, impunemente, pela sociedade! Assim como, deixaríamos de lutar contra a pedofilia, o comércio de seres humanos, a venda ilegal de armas, o tráfico de droga, a violência doméstica, etc. só porque estas existem e tem sido impossível bani-las?

Não sei se iremos ver, no futuro, em Portugal, políticos a defenderem esta “causa fracturante”. Se tal acontecer e vier a ser aprovada, voltaremos à Antiga Roma, onde era habitual o “latrinarium”, local público onde se defecava em conjunto. Sugiro que, por semelhança linguística e, para assinalar bem o local, se substitua a palavra “jardim” ou “parque” por “fodarium”. Seria bonito ouvir: “O Fodarium Eduardo VII”, “O Fodarium da Estrela”, “O Fodarium de Paranhos”, “O Fodarium da Cidade”.

O Mundo é uma surpresa permanente!

segunda-feira, março 10, 2008

Uma oportunidade a não perder.

Camacho saiu. Acho que nunca deveria ter vindo. E, esta saída, prova o enorme erro de Luís Filipe Vieira, ao mandar embora Fernando Santos, com a época já a desenrolar-se. Vejo, neste vazio, uma enorme oportunidade para a definição da estratégia futura do futebol do Benfica, Principalmente, pelo momento em que ocorre.

Evita a especulação, no final da época, sobre: “o Camacho, fica ou sai?”. Permite uma renovação psicológica, útil para os desafios de final de época (2º lugar, taça e, porque não, continuação na Taça Uefa). Determina uma tempestiva organização da área do futebol do SLB: escolhendo o responsável directo pela área; determinando objectivos realistas globais para os vários escalões; definindo a política de contratações; encontrando o técnico adequado à organização, política e objectivos; repensando a equipa clínica e de preparação física e, sobretudo, fazendo guerra aos adversários principais (FCP e SCP) apenas no campo. Jogando melhor futebol. Demonstrando mais disciplina. Exibindo maior vontade em ganhar.

As dificuldades, abrem, quase sempre, janelas de oportunidade. Aproveitem.

P.S.: Por falar em aproveitar, contactem o Co Adriaanse. Treinador disciplinador (indispensável), com mentalidade atacante (essencial) e sóbrio com a comunicação social (útil). Está sem clube (ao que julgo saber) e tem uma obra no FCP que, ainda hoje, é a base do êxito de Jesualdo Ferreira.

terça-feira, março 04, 2008

Uma pílula difícil de engolir

Em notícia publicada aqui refere-se que a pílula do dia seguinte diminuiu o seu consumo desde Julho de 2007, em cerca de 7% (7 000 unidades). A coincidência, de ter sido naquele mês que se legalizou a recorrência ao aborto, motiva uma eventual relação entre os dois factos. É aceitável o raciocínio.

Menos aceitável, é o comentário de um responsável da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, de seu nome, Daniel Pereira da Silva que afirma o seguinte: “É um bom sinal, que pode significar um menor recurso a métodos de emergência quando as mulheres estão na dúvida de poderem estar grávidas. Pode significar também que as mulheres estão mais tranquilas porque agora têm acesso a meios de saúde pública”.

Perante aquela afirmação interrogo-me: então é preferível um aborto a uma pílula? E a pílula não é um meio de saúde pública?

Por outro lado, ao Estado não sairia mais barato, a distribuição gratuita da pílula a quem dela necessitasse (custa cerca de 10€), evitando o custo de um aborto?

E, à mulher, não seria mais saudável e menos traumático, física e psicologicamente, o uso de uma pílula para evitar um aborto?
Faço um apelo. Alguém me explique se estou errado. É que as declarações daquele responsável são uma pílula difícil de engolir.