terça-feira, abril 17, 2007

A Propósito de Nicolau Santos

No seu artigo “Cem por Cento”, publicado no último “Expresso”, Nicolau Santos defende, indirectamente, o seguinte: a ética, o carácter e a seriedade moral dos políticos não são valores a ter em conta na sua avaliação. Nem na legitimidade do seu mandato. Como se demonstra.

Assumindo que há uma imagem de paralização governativa, Nicolau Santos pretende que a entrevista de Sócrates tenha sido o ponto final no assunto de forma a que “o Governo volte a governar”. Mesmo considerando que, como bem afirma Nicolau Santos, existam “várias perguntas por esclarecer e ideias que se confirmaram”. E, para ser mais explicíto, Nicolau Santos diz quais:

1 – O curso de Sócrates vale pouco, foi concluído numa universidade com pouca credibilidade e ele nunca pensou em exercê-lo.
2 – Não aceita o argumento de Sócrates sobre o processo informal de equivalências, referindo que serem estas definidas com base na palavra do aluno, não é possível em nenhuma universidade que se preze.
3 – Afirma, preto no branco, que Sócrates pretendeu passar por aquilo que não era e, mais tarde, arrependido, corrigiu o currículo na Assembleia.

Ou seja, para Nicolau Santos, o Primeiro-Ministro:
· Enganou-nos quando afirmava a importância dos seus estudos superiores;
· Foi imoral ao dar como sério o processo usado, por si, para obtenção de equivalências;
· Foi irresponsável ao definir a Universidade Independente como entidade idónea, nessa época;
· Teve conduta eticamente reprovável ao usar, oficialmente e com plena consciência, título a que não tinha direito.

Apesar de todas as conclusões a que chega, Nicolau Santos conclui que, as possíveis dúvidas sobre o carácter de Sócrates ou traços de personalidade só agora evidentes não interessam. Diz ele que a legitimidade do Primeiro-Ministro vem das eleições em que foi eleito.

Para Nicolau Santos, Sub-Director do semanário de maior expansão do país, qualquer cidadão pode desempenhar o cargo executivo de maior responsabilidade do país. Só precisa de ser eleito pela maioria. Se, após essa eleição, se vier a saber que pode não ter ética, pode não ter carácter, pode não ter seriedade moral, isso não importa. Os interesses da governação tudo justificam.

Pobre país que tais filhos gerou.

1 comentário:

Anónimo disse...

MARQUES MENDES nao foi tb prof na UNI? E desde quando uma licenciatura é suficiente para se leccionar numa universidade?