terça-feira, julho 17, 2007

LISBOA. UMA DERROTA COLECTIVA.

Confesso a minha dificuldade em encontrar vencedores nas eleições de Lisboa. Acho até pungente as declarações de todos os políticos que ouvi, durante a noite de ontem. Os que se candidataram, os que comentaram e os que se dignaram aplaudir. Aí vai o resumo das minhas cogitações, onde faço algumas comparações com 2005:

- PPM, MPT, PND, PNR

Estes partidos, todos juntos, conseguiram 4 500 votos. 2,3 %. Não existem e daí a minha dúvida se podem ser considerados perdedores! Como pode a ERC pretender que tenham tratamento igual ao dos restantes partidos, em órgãos de comunicação privados?

- PCTP/MRPP

O único partido que sobe em número de votantes (+433) e percentagem (+0,64%). Fossem os números de maior grandeza absoluta e teríamos aqui o grande vencedor. Só que são apenas 3 mil. Não mais do que uma pequena freguesia.

- CDS-PP

Perde 9 465 votantes e 2,22%. Perde, ainda, o mandato que detinha. O que, seguramente, diminuirá a sua participação nos problemas que a Câmara enfrentará até às próximas eleições. É, por isso, um grande derrotado.

- BE

Perde 8 994 votos e 1,1%. Mantém 1 mandato. Não consegue o número de mandatos que, conjugado com o PS, lhe poderia dar uma vereação a tempo inteiro. Permitindo projecção e influência que não vai existir. Por outro lado, o trabalho de vereador sem pelouro, ir-se-á tornar bem mais difícil sem Túnel, Terreiro do Paço, BragaParques, etc. Por todos estes motivos, é também um perdedor.

- PCP-PEV

Perde 13 573 votos e 1,89%. Não consegue segurar 42% dos seus votantes! Mantém 2 mandatos. Que não chegam para protagonizar o poder. É sempre preciso mais um partido para a maioria absoluta. E, António Costa aspirará a uma maioria absoluta dentro de dois anos. O que configura um quadro incompatível com coligações. Assim, concluo que também este é um perdedor.

- HELENA ROSETA

Não havendo comparações, será uma vencedora? Não conseguiu contribuir para uma maior participação dos eleitores. Apenas capitalizou metade das perdas do seu presumido eleitorado (PS, PCP, BE). Conseguiu 2 vereadores. Insuficientes para fazer depender a estratégia do PS dos seus mandatos. Logo, também é perdedora.

- PPD/PSD

Perde 88 982 votos e 26,69%! Perde 5 mandatos! Seguramente, o partido que mais contribuiu para a abstenção. Uma enorme derrota. Que não permite qualquer influência na estratégia e gestão da Câmara. Derrota que não se desvanecerá nos próximos 2 anos. E, para isso, também irá contribuir o “tiro no pé” que foi a não dissolução da Assembleia Municipal. A qual, em assuntos polémicos, poderá vir a ser considerada um obstáculo à gestão do PS. Sem qualquer proveito. Se as derrotas ensinam, então o PSD teve aqui uma lição inesquecível.

- CARMONA RODRIGUES

Também aqui não há comparações. Só consegue um terço dos votantes perdidos pelo PSD e CDS. Obtém 3 mandatos. Está banido de qualquer coligação oficial com o PS. Excomungado pelo PSD. Logo, nem junto ao poder, nem junto ao principal opositor. O futuro, fora de lugares executivos e sem assuntos polémicos (que António Costa saberá evitar nestes 2 anos) é de diluição. Um derrotado. Presumo que definitivo.

- PS

Perde 17 115 votos e sobe 2,98%. Ganha 1 mandato, passando para 6. O que não permite a coligação natural - oficial ou oficiosa - com um único partido. Com Carmona seria um suicídio para daqui a dois anos. Com o PSD não faz sentido. Com qualquer dos outros não chega. E ficar nas mãos de dois é muito perigoso. Ficou distante da maioria absoluta que pretendia. Não atinge 30% dos votos, quando a expectativa, baseada nas sondagens (todas) foi sempre superior. A média das últimas 5 sondagens definia quase 34%. Daí que, entre ½ vitória ou ½ derrota, eu considere que estamos perante uma derrota.

- LISBOETAS

Uma grande derrota. No estado em que se encontra a Câmara e para o qual vai caminhando há uma década, tinha sido uma grande oportunidade para os Lisboetas participarem na definição de um caminho em que se encontrasse um claro vencedor. Não quiseram assim. Também eles foram derrotados.

- LISBOA

Não lhe chegasse já a derrota do seu aeroporto. Do seu futuro turismo. Dos seus futuros congressos internacionais. Chega-lhe, agora, através de uma eleição que se desejava clarificadora, um possível pântano de decisões em que irá mergulhar nos próximos 2 anos. Com a indiferença dos políticos e das suas estratégias de poder. Por mais pequeno que este seja. Por mais derrotado que esteja. Pobre Lisboa. Também foste derrotada.

Pobre País quando não se encontra um, um só, vencedor, nas eleições da sua maior autarquia.

1 comentário:

Maria Lua disse...

Olá José,

desculpe o atraso da minha resposta, mas tem sido difícil conseguir um pouco de tempo... Relativamente ao bolo de chocolate, só conheço um muito famoso e é em Campo de Ourique - Lisboa (http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvArtigo.asp?art=4041&rev=2&artini=4040). E não lembro de ter mencionado esta iguaria pelo Porto (que deve de existir com toda a certeza!), muito menos de dar o contacto da D. Ana.
Entretanto, fiz uma pequena pesquisa no meu blogue e não encontrei nenhum tópico relacionado com bolo de chocolate nessa zona... Talvez tenha sido outra Maria a dar a informação. Mil desculpas por não ter conseguido ajudar...
E não é nenhum comentário estranho. Quando gostamos de qualidade e doces, devemos esforçar-nos para conseguir juntá-los ao mesmo tempo! E, por vezes, é um verdadeiro milagre para o espírito (e estomago também!) deliciar esses pequenos tesouros.
E sempre que precisar, disponha, apesar do atraso da resposta...
Votos de breve resolução no impedimento para alcançar esse delicioso bolo de chocolate do Porto!
;)