domingo, junho 12, 2005

A HIPOCRISIA

O falecimento do General Vasco Gonçalves desencadeou o já tradicional banho de opiniões hipócritas. Chegado o momento da morte, é tradicional que muitos políticos e outros que, não o sendo, da mesma vivem e dela se servem, retirem do baú e desembrulhem as faces compungidas, o ar entristecido, a voz sumida e a panóplia de adjectivos típicos desta ocasião: bom, honesto, patriota, inteligente, carácter, etc. Enfim, um "arrastão" de hipocrisias.
Não quero pertencer a esse grupo e, por isso, afirmo não ter recebido a notícia da morte do "Companheiro Vasco" com qualquer tristeza. Relembrei, sim, o desastre da sua passagem pelo Governo de Portugal. Ainda hoje, o país está a pagar os desmandos levados a cabo em nome dos seus ideiais. Que não respeito. Como não respeito os ideais de Hitler, Estaline ou Salazar e de muitos outros que, infelizmente, ainda andam por aí.
Como é possível que, aqueles que combateram as suas opções, os seus ideais, a sua posição antidemocrática, bem visível nos ataques a todos os jornais com opiniões livres e diferentes, refiram hoje desapego, honestidade e boa fé na condução do país. Vasco Gonçalves não foi primeiro ministro por vontade do Povo, em eleições livres. Foi-nos imposto e tentou impor-nos o seu modelo, no qual a força, a violência, a justiça popular eram a lei.
Um homem assim poderá ter o meu perdão. Não tem o meu esquecimento. Não tem a minha pena. Não tem a minha saudade. Que descanse em paz.

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