terça-feira, maio 08, 2007

Como é Possível?

Ouvi, há pouco, nesse magnífico programa de António Barreto, que o índice de alunos por professor é, em Portugal, o melhor de todo o mundo ocidental! O número referido é absolutamente fantástico. Nove. Receando ter ouvido mal, perguntei ao meu lado e confirmei: nove alunos por cada professor!

Com um número destes, o que se esperaria do país? Estar, pelo menos, entre os que produzem melhores alunos. Mas não. A realidade é muito diferente. Somos em termos de resultados dos nossos alunos dos piores do mundo ocidental. Com as mais altas taxas de abandono precoce do sistema escolar. Com níveis de desempenho fraquíssimo em matérias como Matemática e Português. Com uma cultura geral deficiente. Com uma iliteracia assustadora.

Como é possível? De quem é a culpa? Quem responsabilizar?

Eu não sou Governante. Mas sinto vergonha!
Eu não sou Político. Mas sinto vergonha!
Eu não sou Sindicalista. Mas sinto vergonha!
Eu não sou Professor. Mas sinto vergonha!

E sinto vergonha, porque sou cidadão português. E, por esse facto, também devo ter alguma culpa.

5 comentários:

andorinha disse...

Desculpa lá, mas aqui há um grande equívoco!
O número médio de alunos por professor é de 28, na melhor das hipóteses, 25.
Há turmas que chegam a ter mais de 30 alunos, depende muito das escolas.
O António Barreto deve viver num outro mundo:(
Põem-se estes dados cá fora e as pessoas pensam que é verdade.
Se eu tivesse 9 alunos em cada turma, estava no paraíso...

É preciso muito cuidado com o que se diz; fazer afirmações de ânimo leve é perigoso.

JFR disse...

Andorinha:

Julgo que o índice referido pelo António Barreto resulta da razão simples entre o número global de alunos e o número global de professores. O que está em causa é a comparação dese índice com os dos restantes países do mundo ocidental. Se a média que referes de 25 alunos (na melhor das hipóteses) é a que, em termos práticos existe (e que aceito), então, está aí a justificação para uma enorme improdutividade da utilização do recurso-professor. E é disso que tenho vergonha. Se me subsidiares com outros números, outras explicações, não tenho qualquer dúvida em retirar o que esteja errado.

Obrigado.

JFR disse...

Rectifico "desse" e não "dese"

andorinha disse...

Não se pode fazer uma análise assim: a relação entre o número global de alunos e o número global de professores.
O que se verifica na prática foi o que eu referi: turmas com uma média de alunos que oscilam entre os 25 e os 30.
A partir do 10º ano encontram-se turmas mais pequenas porque há disciplinas que são de opção e os alunos, como é normal, dividem-se.
Até ao 9º ano o panorama é uma desgraça: as turmas têm em geral 30 alunos.
É por isso que nós, professores, advogamos há muito a redução do número de alunos por turma. É impossível haver um grau elevado de sucesso escolar nestas condições.
O que acontece muitas vezes é que alguns professores "facilitam" e inflacionam artificialmente as classificações. Chega-se depois ao 10º ano, em que o grau de exigência é maior e é o descalabro para muitos alunos que ali conseguiram chegar de uma forma artificial.
De tudo isto que precisava de ser mudado, a Ministra não fala.
Só para te dar um exemplo, na escola onde estive há dois anos, uma colega de Matemática que leccionava uma turma de 12º ano tinha 34!!!!!!!! alunos!!!!!!!
Depois querem que os alunos tenham sucesso nos exames nacionais com um panorama destes.

Com este tipo de afirmações que passam para a opinião pública, não admira que sejamos tantas vezes crucificados e caluniados.
É isso que me custa, acredita.
A maior parte de nós dá o seu melhor em condições difíceis e isso não é reconhecido:(

Desculpa o longo desabafo, mas vou "aos arames" com afirmações de pessoas que não sabem do que estão a falar.
Não me estou a referir a ti, mas sim ao AB...

Até amanhã:)

GP disse...

Eu sou professora e tenho vergonha. No final de uma carreira em que investi tudo e dei o meu melhor, ser maltratada por pais, população em geral e Ministra, a isso me leva. Mas com a idade que tenho (reformava-me para o ano) já ninguém me dá trabalho e tenho de aguentar.
Não nunca perdoarei aos sucessivos governos, do pós 25 de Abril, por me terem tirado o prazer que tinha em exercer a profissão que abracei.
Há bons e maus professores como há bons e maus em todas as profissões. Genelalizar é injusto.